Operadoras de pagamento vinculadas a cassinos clandestinos: entenda o caso
Uma investigação recente revelou que Mastercard e Visa processaram transações para cassinos online não regulamentados no Reino Unido, alguns acusados de práticas fraudulentas contra usuários. Os sites, não licenciados pela UK Gambling Commission (UKGC), teriam dificultado saques, usado descrições genéricas em transações para evitar detecção e operado sem autorização. Embora não haja indícios de envolvimento direto das empresas de pagamento, o caso expõe falhas nos sistemas de controle que permitiram que operadoras ilegais acessassem redes financeiras globais.
Detalhes da operação ilegal: bloqueios de saques e transações “mascaradas”
Segundo relatório do The Guardian e de fontes regulatórias, os cassinos ilegais utilizaram métodos sofisticados para burlar sistemas. Entre as práticas relatadas estão:
- Saque bloqueado: Jogadores relatam espera de até 90 dias para retirar valores, com exigência excessiva de documentos.
- Descrições falsas: Transações apareciam como “serviços de consultoria” ou “compras genéricas” em extratos bancários.
- Alvos vulneráveis: 40% das reclamações envolveram jovens de 18 a 25 anos, segundo dados da UKGC.
Apenas em 2024, mais de £50 milhões foram movimentados por 132 sites não autorizados, muitos vinculados a esquemas de lavagem de dinheiro.
Resposta de Mastercard e Visa: “Cumprimos todas as regulamentações”
Ambas empresas afirmaram publicamente que possuem protocolos para identificar e bloquear transações suspeitas. A Visa destacou parcerias com autoridades para aprimorar seus filtros, enquanto a Mastercard ressaltou que os bancos emissores dos cartões também têm responsabilidade na aprovação de pagamentos. Entretanto, especialistas apontam que a falta de padronização internacional permite brechas. “Operadores ilegais migram para jurisdições frágeis e reabrem sites com novos nomes”, explica Laura Evans, analista de compliance financeiro.
Impacto nos jogadores: riscos financeiros e psicológicos
Usuários afetados enfrentam perdas irreversíveis. James R. (nome fictício), de Manchester, perdeu £2,3 mil em um site que usava logotipos falsos da Mastercard como selo de segurança. “Pensei que era legítimo, mas sumiram com meu dinheiro”, relatou. A Associação de Jogadores do Reino Unido estima que 65% das reclamações envolvendo cassinos ilegais em 2024 estão relacionadas a transações processadas por essas operadoras.
Regulamentação em xeque: novas medidas em discussão
O Parlamento britânico debate medidas para endurecer a fiscalização, incluindo:
- Monitoramento em tempo real: Exigir que redes de pagamento rastreiem transações suspeitas usando IA.
- Multas a intermediários: Penalizar bancos e operadoras que processarem pagamentos para sites não licenciados.
- Restituição obrigatória: Criar fundo para compensar vítimas de cassinos ilegais.
A UKGC já bloqueou 89 sites este ano, mas o desafio persiste: 70% reabrem em 48 horas sob novos domínios.
Como se proteger
- Verifique licenças: Acesse o site da UKGC para confirmar a autorização do cassino.
- Evite promoções agressivas: Desconfie de bônus acima de 200% do valor do depósito.
- Use métodos alternativos: Opte por e-wallets (ex: PayPal) que permitem estornos em casos de fraude.
- Denuncie: Reporte transações suspeitas à Financial Conduct Authority (FCA) via app Scam Shield.
O caso expõe a complexidade de regular transações globais em um mercado de apostas que movimenta £14 bilhões anuais no Reino Unido. Enquanto autoridades pressionam por mudanças, jogadores devem redobrar a vigilância. “Cartões de crédito não são certificados de segurança”, alerta Martin Lewis, fundador do MoneySavingExpert.
Vale lembrar que, no Brasil, empresas como o Nubank, C6 e Bradesco estavam exibindo mensagens de alertas aos seus clientes antes de “liberar” transferências bancárias aos cassinos. Saiba mais sobre em nossa página de notícias.
