
A UNICEF Argentina lançou em Março o guia “Zoom nas Apostas Online”, um manual para pais e responsáveis combaterem a dependência de jogos de azar em menores de idade. O material surge em meio a dados alarmantes: 80% dos adolescentes e jovens adultos do país já tiveram contato com plataformas de apostas em 2024, muitas vezes impulsionados por carteiras virtuais abertas a partir dos 13 anos.
Aposta precoce: adolescentes gastam até R$500 por mês em jogos de azar
Pesquisas da UNICEF revelam que o uso de apostas online por menores triplicou na Argentina desde 2022, com 37% dos jovens acessando sites diariamente. Entre os meninos, as apostas esportivas (principalmente em futebol) são as preferidas, enquanto garotas tendem a jogos de cassino online. A renda para apostar vem de mesadas, trabalhos informais e, em casos extremos, desvio de dinheiro familiar – 12% dos entrevistados admitiram já terem roubado para continuar jogando.
Guia da UNICEF: 5 estratégias para proteger crianças e adolescentes
O documento, desenvolvido com a ONG Digital Wellbeing, orienta famílias a:
- Estabelecer diálogo aberto sobre riscos financeiros e psicológicos das apostas.
- Monitorar carteiras digitais (Mercado Pago, Ualá) para identificar gastos incomuns.
- Bloquear sites de apostas em roteadores domésticos e celulares.
- Promover alternativas como esportes e atividades culturais.
- Denunciar plataformas ilegais às autoridades.
“A naturalização das apostas entre jovens é um desastre geracional. Estamos criando uma geração viciada em risco”, alerta Javier Quesada, especialista em saúde da UNICEF.
Futebol e influencers: o combo explosivo para o vício juvenil
O guia aponta que a publicidade massiva em camisas de times e a promoção por influenciadores digitais são os principais vetores de atração. Na Argentina, 63% dos adolescentes começaram a apostar após verem anúncios em redes sociais. Plataformas usam algoritmos para direcionar conteúdo a menores, oferecendo “bônus de boas-vindas” sem verificação de idade.
Alerta global: 78% dos jovens começam a apostar antes dos 12 anos
Dados de um estudo da UNICEF na Geórgia (2021) mostram que o problema é mundial: 78% dos adolescentes iniciam em apostas antes dos 12 anos, muitas vezes incentivados por familiares. No Brasil, uma pesquisa do EducaMídia (2024) revelou que 22% dos jovens já usaram CPF de adultos para burlar restrições em sites de apostas.
Como agir? Especialistas recomendam vigilância e políticas públicas
Além das orientações às famílias, a UNICEF pressiona governos a:
- Criar leis que obriguem verificação facial em sites de apostas.
- Proibir publicidade direcionada a menores em eventos esportivos e redes sociais.
- Investir em educação digital nas escolas.
Lucía Fainboim, da Digital Wellbeing, reforça: “Apostar não é entretenimento. É uma porta para dívidas, ansiedade e isolamento social”.
Como isso afeta você?
Se você é um jovem acima de 18 anos que gosta de apostar, é importante estar ciente dos riscos associados ao jogo compulsivo. Mesmo que você não esteja diretamente envolvido com menores, a conscientização sobre o problema pode ajudar a proteger amigos e familiares mais jovens. Além disso, a regulamentação mais rigorosa pode afetar a disponibilidade de plataformas e a forma como as apostas são promovidas.
No Febre de Cassino reforçamos que o entretenimento digital, seja em apostas ou em cassino, deve ser restrito para maiores de idade e seguir as regras de cada jurisdição. Além disso, para ser considerado entretenimento é preciso saber a hora de começar e de parar. Saiba mais em nossa página de Jogo responsável.